Olá, tudo bem?
Quando eu era adolescente, adorava colecionar poesias. Escrevia várias delas em um caderno e, de tanto escrever, eu acabava decorando algumas. Uma delas, atribuída a Carlos Drummond de Andrade, mas de autoria de Paulo Roberto Gaefke, começa assim:
Não importa onde você parou,
em que momento da vida você cansou,
o que importa é que sempre é possível
e necessário "Recomeçar".
De tempos em tempos, a cada volta que a Terra Plana dá, esses versos me vêm à mente. Talvez porque eu seja aquela pessoa que adora pequenos rituais de recomeço; talvez seja porque a poesia tem esse poder de se fixar na mente e aparecer quando menos esperamos.
Hoje, eu acordei com ela na cabeça.
Recomeçar
A gente costuma pensar em recomeços depois de grandes eventos: o fim de um relacionamento, a perda de um emprego, o restabelecimento depois de uma doença.
Eu gosto de pensar em pequenos recomeços: o novo dia, a nova semana, o novo mês… O ordinário da vida, que passa, quase sempre, despercebido pela gente. Eu gosto do comum, do cotidiano, do esperado, daquilo ao qual ninguém presta muita atenção.
Sim, eu adoro os grandes recomeços, o ano novo, a nova idade depois de um aniversário, as possibilidades infinitas que surgem após a conclusão de um grande projeto. Mas os pequenos e ordinários recomeços tem o poder de trazer um pouco da “magia” desses grandes momentos para o já tão árido dia a dia.
Pode ser que eu esteja viajando aqui e você pode estar lendo esse texto achando que eu virei algum tipo de coach filosófico-motivacional. Até onde me entendo, não é o caso.
Penso que Sêneca concordaria comigo. Enxergar os pequenos recomeços é o que me ajuda a valorizar o presente, a não esperar pelo próximo grande momento para tornar os meus dias mais significativos. Assim como a poesia de Gaefke, as palavras de Sêneca, na primeira carta a Lucílio, sempre ressoam na minha mente:
E, se notares bem, grande parte da vida escapa aos que fazem pouco, a maior parte, aos que nada fazem e a vida inteira, aos que fazem o que não importa. (…) Logo, meu caro Lucílio, faz o que me escreves que vens fazendo: abraça todas as horas. Assim, acontecerá de dependeres menos do amanhã se tiveres tomado o hoje em tuas mãos. A vida transcorre enquanto é adiada. Tudo é alheio a nós, Lucílio, apenas o tempo é nosso. (grifo meu)
📚 Li e recomendo
Se você quer continuar as reflexões sobre o tempo e a vida, recomendo duas obras de Sêneca:
Edificar-se para a morte - uma seleção das Cartas Morais a Lucílio.
Sobre a brevidade da vida - um texto curto, mas potente, para valorizar o hoje.
👀 Você viu?
A última aula do YouTube foi sobre o exercício estoico da atenção.
Estou lançando um novo projeto chamado A Trilha da Sabedoria, para promover um diálogo entre filósofos estoicos e pensadores contemporâneos. E já temos os dois primeiros cursos da Trilha: Sêneca e Byung-Chul Han conversam sobre a Sociedade do Cansaço e a Brevidade da Vida; Epicteto e Bauman, desejo e consumo no mundo líquido. Você pode ficar por dentro das novidades no Grupo VIP do Whatsapp ou pelo meu Close Friends, no Instagram.
📆 Agenda da semana
Amanhã, começa um desafio estoico no meu canal do Telegram: 7 dias com Sêneca. Serão 7 reflexões sobre o uso do nosso tempo, acompanhadas de um exercício prático.
Quarta, 19:30 - aula aberta no YouTube: Sêneca e o autoconhecimento. Se quiser assistir ao vivo, ative o lembrete para receber um aviso de início do vídeo.
Como sempre, eu estou a uma resposta de distância. Se quiser continuar essa conversa, basta responder este e-mail.
Bom domingo e ótima semana!
Até a próxima!